Eu entendo que o livre pensar humano deve ser absolutamente respeitado, como expressão lídima da manifestação do livre arbítrio, que, em verdade, será, em ação, o resultado do somatório das experiências e entendimentos que a pessoa faz do seu derredor. Por essa razão, devemos, em tudo, ter o senso crítico de avaliação, a fim de que não tomemos, como falam os mais antigos, gato por lebre. O culto da conveniência nunca deve ensejar a manipulação de fatos, conceitos ou verdades doutrinárias em detrimento do bom senso e da lógica.
Precisamos aprender a fazer jus ao nosso próprio conteúdo de saber e de sensatez, a fim de que os pseudo-intelectuais não se arvorem a nos impingir sua obsessão moral sobre matéria de sentimento e razão pessoais, ou mesmo de fé.
No Espiritismo, por exemplo, não existe o princípio da congregação da fé, pessoa ou órgão que defina rumos da crença do espírita sobre este ou aquele conteúdo. Absolutamente! Os profitentes fazem o seu conteúdo de crença com base no convencimento feito a sua razão, por sugestão de seus estudos e aprendizagem lógica. É tão interessante quão engraçado quando vemos estruturas formadas sobre bases de interesses meramente de apropriação, ou de profissionalização na fé, guardando a ilusão de que isto traz poder.
Falo aqui de instituições religiosas, inclusive espíritas, que se arvoram a ser colunas pensantes, ditadoras do que deve ser aceito, rejeitado ou cultivado pelos seus filiados, adesos ou que nomes tenham. Bobagem sobre bobagem, pois deveremos, sim, e sempre, expor o pensamento doutrinário da religião que abraçamos, deixando, todavia, aos seguidores o discernimento e compreensão da aceitação ou não.
É por isso que lamentamos profundamente quando vemos líderes religiosos fazerem da sua religião o seu meio de vida, de enriquecimento ilícito. Trabalham a ilusão de uma fé, para o engrandecimento de seus patrimônios. É triste vermos os “donos de religiões” ou os que pretendem ser donos de movimentos religiosos manipularem, enganarem, mistificarem com o objetivo de angariarem poder. A religião deve ser instrumento de busca do Bem, que responde anseios, que consola almas.
Precisamos começar a fazer uma espécie de autoconvencimento de que o livre arbítrio do outro, instrumento da misericórdia de Deus que tanto propalamos, seja, efetivamente, respeitado, inclusive em suas escolhas religiosas, ainda que fujam do nosso processo de entendimento do por quê. Fiquemos sempre atentos a essas manipulações de médiuns, sacerdotes, pastores, pais e mães de santo, enfim de todo mundo que quer ser o ponto de atenção e de apropriação da religião que abraçamos, seja ela qual for.
Vemos, por exemplo no Espiritismo instituições, órgãos querendo determinar quem é o médium “dono” deste ou daquele espírito, por quem, nesta visão prepotente, aquele espírito só se comunicaria. Pois é, os espíritos agora são como jogadores de futebol, têm passe preso a clube, ou melhor, a médium.
Façam-me o favor! Enquanto o ser humano ficar montado sobre sua presunção e arrogância, achando sempre que a sua escolha pessoal é e será sempre a melhor, o mundo continuará em guerras fratricidas, abertas ou veladas, gerando desarmonia geral no globo, promovendo, inclusive toda a sorte de hecatombes naturais, uma vez que a própria natureza humana faz parte deste contexto geral que poderíamos chamar de ecossistema.
José Medrado
Mestre em Família pela UCSAL
Fundador da Cidade da Luz