Temos visto diversas notícias de escândalos de corrupção, envolvendo políticos de quase todos os partidos. Novidade alguma. A perplexidade, no entanto, nasce, para mim, na forma que os defensores desse ou daquele partido e ou políticos se revestem de descrença, por um lado, e, por outro, da justificativa de complô contra os seus lideres, surgindo, assim, a cegueira passional.
A negativa total do mal feito e, por outro caminho, o virulento ataque a outras fileiras partidárias. Aí vem o surreal: o fato em si do roubo, da corrupção perde o seu sentido de existência, pois o importante é desqualificar a notícia, proteger o denunciado. Seja ele do PT, do PSDB – os mais cheios de efensores – ou qualquer outro. Entendo que não importa a agremiação ou quem seja, a revolta deve ser pela prática do crime.
Robert J. Sternberg, professor de psicologia da Tufts University (Medford, Massachusetts), elabora, em The Nature of Hate, uma das teorias mais completas e atuais sobre o tema dos sentimentos de passionalidade, do ódio. Na sua opinião, há três componentes fundamentais: a negação de intimidade, a paixão e o compromisso. Na negação de intimidade, implica manter à distância o indivíduo ou ideias que provocam repulsa, por características pessoais, ou mesmo por uma campanha destinada a mostrá-lo como um ser infra-humano, e que não merece respeito. O segundo componente do ódio é a paixão, que se exprime em fúria diante de tudo que venha do adversário, contra o seu líder. O terceiro componente da passionalidade, do ódio é a decisão de empreender atos de depreciação do outro pelo desprezo que lhe nutre. Os crimes de corrupção que deveriam ser os protagonistas destas histórias de horror do nosso país são apenas o pano de fundo para o ódio entre ideologias desfiguradas. O correto é a punição aos criminosos, sejam eles quem forem, e de que segmento forem. Precisamos é de um país ético e um basta a políticos cínicos, que posam de vestais para depois serem algemados.
José Medrado
Mestre em Família pela UCSal e fundador da Cidade da Luz