É possível que ainda nesta segunda (9), muitas mulheres receberam chocolates e flores ao chegar em seus ambientes de trabalho, em razão do Dia Internacional da Mulher (8). Vejo, no entanto, que as mulheres do século XXI não estão em busca desses chamados “mimos”, mas sim de políticas de Estado e comportamental da sociedade de maior respeito, em contínuo processo de diminuição das discrepantes diferenças de gênero existentes na maioria do setores da própria sociedade, a começar pelo próprio ambiente familiar.
Ainda que aqui e ali tenhamos visto sim uma reestruturação da compreensão, principalmente depois do advento da Lei Maria da Penha, da necessidade de instrumentos sociais e estatais mais firmes contra violências sofridas pelas mulheres, sejam física, psicológica, sexual, patrimonial e ou moral, há uma sociedade que não condena, de forma geral, com total repulsa essas violências. O maior absurdo, muitas vezes percebemos pelas redes sociais, são quando as próprias mulheres consideram: “precisa ver o que ela fez..”, “toda história tem dois lados”, “será que ela não buscou isto”, dentre outros absurdos, como se qualquer ato justificasse o sofrimento à vítima. Quando não existe a culpabilização da vítima, há omissão, o famigerado princípio que “em briga de marido e mulher, não se mete a colher”.
Estamos vendo episódios constantes de feminicídios estampados pelos jornais e nas redes sociais. Parece que as ações concretas capazes de garantir a manutenção das vidas das mulheres que todo ano são - apesar de algumas medidas protetivas - mortas e expostas. Foram, no ano passado, 3.739, um aumento de 7,3% de feminicídios, ou seja, uma morte a cada 7 horas, em média, segundo o Monitor de Violência da USP e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Isso precisa acabar.
A pesquisadora Natalia Bueso Izquierdo, do Centro de Investigação Mente, Cérebro e Comportamento da Faculdade de Psicologia da Universidade de Granada, na Espanha, é uma das autoras de um estudo que comparou o funcionamento do cérebro de agressores de mulheres com o cérebro de outros criminosos por meio de ressonância magnética funcional. Ela verificou que, apesar de não haver um perfil único que caracterize o agressor, algumas das características mais descritas na literatura sobre esses homens são a inflexibilidade cognitiva, que pode ser definida como a incapacidade de mudar de opinião ou pensar de forma diferente, mesmo após situações que provem que o pensamento original não está correto, foi distorcido ou mesmo fantasiado; a fata de autocontrole, sendo sempre impulsivos e totalmente avessos a assumir os próprios atos. Muitos alegam que a bebida os leva “a perder o controle”, mas em verdade o alcoolismo só estabelece a retiradas de filtros, expondo, em geral, o que se é interiormente. Sem falar, claro, que ainda há aqueles homens friamente ruins, que tem a maldade como o seu padrão de comportamento. Denunciar é medida que não pode ser deixada de lado, inclusive para que testemunha: meta a colher. (R)
* José Medrado é líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal. Também é apresentador de rádio.