Não tenho a menor dúvida de que a nação brasileira vive uma crise conceptual sem precedente, provocando uma devastação de valores que está, de um modo geral, entorpecendo nosso crivo de observação e análise, onde surgem vacilos em discernir o mérito do demérito, o certo do errado, o bem do mal. Não falo aqui da dinâmica da sociedade, com as suas rupturas tradicionais. De forma alguma. Falo realmente de conceito e valoração de objeto, na real extensão de sua justeza e merecimento.
Vejamos: com a tal “aposentadoria” de Ronaldo, o Fenômeno, vi muitos na mídia agradecendo pela enorme contribuição que ele deu ao País, ao Brasil. Perguntei-me, qual? Está bem, não quero ser indigesto, ele deu alegria com os seus gols, suas arrancadas e jogadas, sim, e daí? Desculpem-me os aficionados, mas ele fez muito por sua conta bancária, merecidamente, no cenário que se descortina no mundo dos valores que pernas têm em detrimento do cérebro.
No entanto, me incomoda a falta de destaque a figuras como a da sanitarista Zilda Arns; o médico Miguel Nicoletti que foi convidado a trabalhar na Universidade de Duke na Carolina do Norte – Estados Unidos, onde obteve apoio irrestrito para suas pesquisas. Lá lidera um grupo de pesquisadores da área de Neurociência, no campo de fisiologia de órgãos e sistemas, na tentativa de integrar o cérebro humano com máquinas (neuropróteses ou interfaces cérebro-máquina); por espaço só me reporto a dois.
Infelizmente, o que se nota é que a grande maioria dos cidadãos está entorpecida, em um perigoso mutismo, como se fossemos copartícipes deste bizarro contexto, onde a descrença de mudança anestesia as possíveis ações, surgindo o conformismo covarde, uma espécie de aceitação enfermiça “não tem jeito, é assim”, de maneira contemplativa ou, quando há indignação, é apenas na roda de amigos.
Sim, mas o Bahia ganhou do Vitória; continua um baiano no BBB e minha amiga Lídice e Pinheiro votaram e reelegeram Sarney.
José Medrado
Mestre em Família pela UCSAL
Fundador da Cidade da Luz