É um grande prazer que tenho, logo no café da manhã, pegar a minha assinatura de A TARDE, no papel, e ler artigos e notícias que me interessam. Recentemente tenho acompanhado as discussões em torno das charges de Simanca. Leitores a favor e contra. Confesso que leio sempre com um sorriso nos lábios, tanto os que defendem ou não o artista.
Isso porque vejo que ainda prevalece o conceito que guardo dos meus idos de acadêmico de filosofia, quando lia Destutt de Tracy, filósofo e político francês, primeiro a usar o termo ideologia, conceituando-a como resultado das ideias nascidas das percepções humanas, tendo como base o mundo pessoal dos conceitos e os entendimentos externos que se tem das questões de vida. Naturalmente nascidos do conteúdo de saber e experiências armazenadas que formam valores de consciência da sociedade, que se transformam em patrimônio pessoal de “doutrina”. Dessa forma, difícil haver neutralidade, quando manifestações externas fustigarem o nosso conteúdo de pensar.
Assim, raramente veremos alguém discordar com o que temos como valor de saber e ou sentir e ficarmos impassíveis, improvocáveis. Simanca continuará provocando com sua pena aqueles que discordam da sua percepção ideológica do momento atual do Brasil, bem como não mudará a opinião de quem tem material de argumento distinto do seu. A natureza humana, no entanto, traz em si, como elemento de sobrevivência, o competir, razão pela qual vemos as pessoas por aqui, pelas redes sociais, querendo fazer prevalecer os seus pontos de vista, para gozarem a satisfação de sobrepor ou pensarem que sobrepuseram o oponente em um debate e ou discussão. O fato é que convencimento só se faz quando o indivíduo o busca, conscientemente, evidenciando a vontade de modificar a concepção que se tem sobre algo, ou pela conveniência para auferir alguma vantagem. Salvo isso, em geral, pessoa alguma será convencida do contrário de suas “verdades”, até para não “darem o braço a torcer”.