Será que realmente o povo brasileiro é solidário, em suas mais variadas formas e vertentes? Recentemente, no tal reality BBB, vi a repercussão pelas redes sociais, havia uma grande torcida pela participante Gleice, acriana, de origem pobre, que buscava comprar uma casa para a avó, e Kaysar, imigrante sírio, que sonhava em trazer os pais para o Brasil.
A Gleice ganhou, o que, no entanto, chamou a minha atenção foi um dos posts, em rede social, muito compartilhado, que aparecia a menina em frente ao seu casebre e o rapaz fazendo pose em uma lancha. Verifiquei que muitos comentários eram para ajudar a Gleice, pois precisava muito. Ele não, já estava bem, deduziram, passeando inclusive de lancha. O que vejo como curioso é que o brasileiro se sente disposto a ajudar pessoas que entram em suas casas pela mídia e demandam alguma carência. Por outro lado, porém, não se disponibiliza a fazê-lo de forma sistemática, permanente, como voluntário em apoio ao próximo, quer individualmente ou por meio de alguma instituição filantrópica.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou pesquisa, na última semana, onde noticia que 7,4 milhões de pessoas no ano passado realizaram trabalhos voluntários, o equivalente a 4,4% da população de 14 anos ou mais de idade. Foi pouco, mesmo considerando que houve um aumento de 12,9% em comparação a 2016. As desigualdades sociais estão aí às escâncaras, gritando por todos. E ainda há quem condene ações como cotas raciais, sociais... dentre outros gestos de apoio aos que mais necessitam. Não ajudam e se incomodam com os que fazem, sempre com alegações do tipo: não é nossa obrigação; são ações viciantes, dentre outras.
Essa sensibilização que vemos de tempos em tempos pela televisão, e nos emocionamos, precisa ser transformada em ações, em busca de processos governamentais, pessoais e ou institucionais para o amparo, auxílio... faz-se ainda muito pouco. Não é por acaso que uma pesquisa que avalia o comportamento humano, em relação à mobilização para as necessidades do próximo, produzida pela fundação britânica Charities Aid Foundation, coloca o Brasil em 90º lugar numa lista de 135 países. Os americanos, por exemplo, tão individualistas, se encontram em segundo lugar no ranking dos mais generosos.
O poder público tem a sua obrigação, sim, mas nós poderemos nos mobilizar para ajudar, fazer e até mesmo cobrar compromissos pessoais dos que aí estão se movimentando para as eleições de outubro, como candidatos, postulantes ao emprego que os daremos ou renovaremos pelo voto. Precisamos ter consciência social, e não de apelo midiático. E isso nada tem a ver com ideologias partidárias, mas sim em fazer o bem pelo bem.
José Medrado
Líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal.