Inegavelmente, ao que tudo indica, está havendo um crescimento muito grande da intolerância religiosa, mas, algumas vezes, de forma disfarçada, dissimulada, porém está muito presente e acontece constantemente, mas sem maiores repercussões. O caso mais rumoroso recentemente foi a intolerância que o candomblé Ilê Asé Oyá L’adê Inan, em Alagoinhas, sofreu, quando um grupo de intolerantes foi até em frente à casa religiosa gritando “Satanás vai morrer” e “vamos invocar Jesus para fechar a casa de Satanás”, além de bater com uma bíblia na porta do terreiro, informam frequentadores da casa e a sua yalorixá, Mãe Rosa de Oyá. Não há informações acerca do deslinde do caso por parte da Polícia Civil.
Esse ato de usar a Bíblia como arma eu passei recentemente, quando dava entrevista à TV Câmara e uma das entrevistadoras, que se disse evangélica, questionou com passagens da bíblia a minha crença na comunicação com os espíritos, afirmando com veemência, sem aceitar as minhas ponderações, que o livro proibia o intercâmbio com os mortos. Custei a entender no momento, digo, inclusive, que fiquei aturdido, quando esperar que uma jornalista, e que não se tratava de um programa de debate, confrontaria a minha fé com tamanha intolerância. Fui educado no momento, mas, claro, repercutir o episódio, no meu programa da rádio Metrópole. Não estava ali para questionamentos de fé, inclusive como Coordenador do Comitê Inter-religioso da Bahia, onde há membros de diversas religiões, já acordamos que convergiremos sempre no comum e não tocaremos, discutiremos onde há divergência, por puro e simples respeito.
Esses intolerantes são uns sonsos, pois quando percebem que o feito repercute aí se tomam com ares de paisagem, como não entendendo, afirmando que não fizeram. Ora, ora porque alguns cantores, por exemplo, suprem palavras do candomblé nas músicas que cantam, e depois vêm com pedidos de desculpas, sabendo que vão continuar cantando as mesmas músicas, pois geram a eles sucesso, mas pularão o que estiver em desacordo com a sua fé. Não cantem mais, busquem as que têm concordância com a sua crença. Simples assim, mas não, querem o bônus do sucesso, da música... São uns dissimulados.
*José Medrado é líder espírita, fundador da Cidade da Luz, palestrante espírita e mestre em Família pela UCSal. Escreve para o BNews às segundas-feiras.