No último sábado, dia 21, na Reitoria da Universidade Federal da Bahia, superlotada, tiveram lugar as comemorações do Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, organizado pelo Cecup (Centro de Educação e Cultura Popular) e a Unegro (União dos Negros pela Igualdade), além do apoio de alguns órgãos governamentais e o brilho da Orkestra Rumpilezz. Iniciativa firme da vereadora Olívia Santana, sempre atenta a este ideal de igualdade.
Guardei a honra e a alegria de ser um dos religiosos a encabeçar a campanha publicitária, ao lado de expressões grandiloquentes de respeito e admiração da sociedade baiana: yalorixá mãe Stella, padre Gaspar Sadoc e o pastor Djalma Torres. É natural, no entanto, que exposição de tal monta gerasse aqui e ali alguns desconfortos, pois estamos lidando com pessoas, mesmo no cenário religioso. É preciso, todavia, que façamos, em coletivo, o questionamento, como propus em meu pronunciamento naquela oportunidade: é fato que líder religuoso algum seja a favor da intolerância religiosa, sempre se faz tal afirmativa à mídia, mas por que ela continua? Ora, fácil resposta, é aquela tal expressão "para inglês ver" que muito bem aqui se aplica. Todos são contra, mas nada fazem para estancar este mal da nossa sociedade plural por natureza, principalmente a baiana.É a teoria, sem uma prática de verdade. Não viceja facilmente nos canteiros religiosos este compromisso com o plural, não como favor, mas como um ideal de aceitação do diverso, como forma, inclusive, de termos nós próprios o respeito que esperamos dos outros.
É possível que agora as movimentações comecem a acontecer. Esperamos todos. Confesso, todavia, que guardo ainda alguma resistência com a expressão "tolerância religiosa", pois encontraremos, inclusive, nos dicionários, sendo abordada como "favor feito a alguém em determinadas circunstâncias: isto não é um direito, é uma tolerância". Foge, assim, ao sentido que se quer aplicar, o de respeito, não por favor, mas por se tratar de expressão constitucional de igualdade, em um País que se diz democrático.