Guardava-se a maior expectativa quanto à estreia do filme Nosso Lar, principalmente depois do mega-sucesso que foi o “Chico Xavier”. A propaganda, a divulgação foi, merecidamente, à altura do grande clássico da mediunidade do insuperável Chico, com mais de dois milhões de exemplares vendidos, sendo traduzidos para mais de nove idiomas. Seria, certamente, sucesso.
Compromissos não me permitiram estar na estreia para convidados, mas fiz toda a divulgação que podia pelos veículos de que disponho. Programei-me para o dia da estreia, 3 de setembro, mesmo receando a superlotação, mas lá fui. De pronto, achei meio estranho, pois não estava com a lotação que esperava. Cinema cheio, sim, porém o filme começou sem a sala encher completamente.
Desenrola-se a película e qual a minha surpresa ao final? Não gostei. Tive um misto de frustração e decepção. Esperava outra coisa. Naturalmente, começaram a me vir os pedidos de avaliação, de parecer. Não podia fugir aos meus princípios de expor o que penso, dentro da minha visão de vida e de saber. Assim fiz e faço. O filme é muito monótono, não tem uma dramaticidade convincente. O meu querido amigo Renato Prieto está na medida, deu consistência ao personagem, mas os demais... Além de tudo, aquela história de espíritos com a mesma roupinha esvoaçante me soou tão fora de contexto! Parecia a novela A Viagem.
E cá para nós, as roupas muito mal feitas. O que custava os espíritos estarem com roupas normais, não são eles apenas os homens sem os corpos. A catequização foi outro desastre, entendo, à parte. Todos os diálogos cheios de proselitismo chato, ultrapassado. E o Umbral?! Sem comentários. As casas de uma cor retrô de gosto duvidosíssimo. Foi chato.
Alguns companheiros estão dizendo que valeu pela iniciativa, bla, bla, bla. Vá lá, mas isso não irá dar credenciamento para a continuação da série, como Prieto me disse que seria a intenção da Fox. Espero, então, que a bilheteria seja um estouro, como foi o “Chico Xavier”.
Mais uma vez, como sempre aqui tenho registrado, a forma deturpou o conteúdo, ou, como preferir, não valorizou o conteúdo. Talvez ainda pelo reflexo muito forte da visão de alguns consultados, não sei, que exprimem uma ideia engessada de que a arte embasada em princípios de religião deve ser austera e pesada. O roteirista e diretor, Wagner de Assim, incorreu nos mesmos equívocos do diretor do filme Bezerra de Menezes: uma narrativa pesada, apesar das imagens estarem mostrando o que nos cabia entender.
De qualquer forma, foi um grande avanço, vermos na cinematografia brasileira os princípios espíritas estarem em abordagens e discussões pelo país afora. Registramos a frustração pela natural busca do melhor, a fim de colocarmos os nossos entendimentos em realce na sociedade, de uma forma respeitosa, verdadeira, sem supervalorização de princípios doutrinários, mas oferecendo acesso à bússola que nos orienta em nossas considerações, reflexões de vida.
José Medrado
Mestre em Família pela UCSAL
Fundador da Cidade da Luz