Há pessoas que não se cansam em pedir que eu seja mais sério, em uma total falta de entendimento entre seriedade, como efeito de responsabilidade, e alegria como instrumento de bem-estar, de felicidade. Falta-nos diante de determinadas situações da vida, da sociedade uma espécie de autocrítica, na busca do entendimento das nossas questões, sem chavões de qualquer ideologia. Vivemos sem pensar a vida, sem avaliar nossos sentimentos e as forças que nos motivam, nesta ou naquela direção. As nossas verdades se tornam universais, porque assim queremos.
Tornamo-nos intolerantes com tudo que não nasce de nossos entendimentos. A primeira lei da natureza, dizia o filósofo francês Voltaire, é a tolerância, “já que temos todos uma porção de erros e fraquezas”. Para Voltaire, escolado nos ataques que ele e outros colegas iluministas sofreram da monarquia e do clero da sua época, a saída era o humor. “Devemos manter o riso do nosso lado”, escreveu, confiante no poder desse recurso para abrir fendas nas mentes enrijecidas e levá-las à reflexão.
Voltaire não estava sozinho na crença da capacidade transformadora do humor: O budismo, por exemplo, defende que, na nossa jornada rumo à iluminação, rir – em especial de si mesmo – é um dos melhores antídotos para combater o sofrimento que impera na vida cotidiana. “O riso controla ansiedades, domina o medo, afasta e diminui o tamanho das catástrofes”, escreveu o historiador alemão Peter Gay em O Cultivo do Ódio – A Experiência Burguesa da Rainha Vitória a Freud, de 1993. Pesquisas mostram que rir torna o cotidiano mais leve e ajuda a conciliar idéias divergentes, sem falar no bem-estar que traz.
Falta-nos empatia, a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro, de ser o outro e tentar vislumbrar a vida por uma outra lente, sem as amarras de cultura, religião... que muitas vezes nos embotam em intolerâncias, encarcerando a nossa caminhada em conceito que não se renovam, apesar da mudança contínua da sociedade.
José Medrado,
Mestre em Família pela UCSal
Fundador da Cidade da Luz